terça-feira, 4 de setembro de 2012

Daquilo que não foi dito completamente

Hoje, relendo uma das cartas que ti fiz, me peguei com olhos úmidos e um sorriso meio debochado direcionado a mim mesma, a minha inocência de sentimentos ao te escrever a pouco mais de um ano. Nosso reencontro aconteceu, foi estranho como eu previa, foi bom como eu esperava...mas....mas....a forma como aconteceu não foi nada como eu pensei, houve sim: mãos geladas, suor frio, borboletas na barriga, constrangimento e conversa fiada, conversa de amigo. O grande problema foi depois, depois do abraço de reencontro, depois dos olhares, depois da calma, depois da despedida entre beijos e tapinhas, esse depois que aos poucos foi em deixando confusa, que ao mesmo tempo que eu me pegava pensando ter resgatado aquele afeto de infância, a amizade de companheiro, eu ia percebendo que não era mais assim, algo mudou, nós mudamos! Em meio do reencontro, a realização de desejos antigos era como se fossemos estranhos, estramos, estranhos cheios de intimidades, de naturalidades...mas sempre faltando algo, faltando certo interesse seu de me conhecer de novo, de me reconhecer como eu te conheci de novo naquele dia, como eu te reconheci na hora que estávamos almoçando e você cuidadosamente restirava a cebola da sua comida. hoje percebo que você fez com que essa falta de reconhecimento foi minando toda a esperança que tinha de resgate do nosso companheirismo, você me enxerga hoje só como um corpo, corpo de uma amiga que você tem intimidade pra falar o que pensar, pra não falar nada....Mas hoje também eu vejo que isso não é amizade, isso não é companheirismo e isso não é nada além de uma relação de interesses que só faz é me deixar sempre com um vazio imenso cada vez que você vai embora, cada vez que não aparece quando eu ligo. E sinceramente.....não era isso que eu queria ou imaginada que fosse se transformar o nosso reencontro. O que quero é sim que você entenda que é preciso resgatar aquele laço, aquele primeiro nó feito por nós quando eramos ainda tão pequenos, porque pra mim não adiante levar adiante um tipo de "amizade" que se fundamenta em momentos efêmeros e de solidão. Não admito mais que esse abismo se abra ainda mais entre nós e você finja que não é nada demais. Você dilacerou com suas atitudes todo sentimento que poderia ser retomado, minou a chance de começar do zero algo bacana, algo que sonhamos por um tempo. E eu....ah, nesse exato momento estou consumida em um misto de frustração e alivio, não sei se ainda há aquela afeto, aquele carinho todo por você, não sei se você ainda, um dia poderá encontrar em mim a amiga de vida inteira. Só espero que um dia você se dê conta de tudo o que me fez desde o nosso reencontro até hoje, e que saiba finalmente reconhecer que eu sou sua amiga e não um corpo! e que nesse dia eu possa te dizer que superei você, e que posso te conhecer de novo como um amigo com que eu compartilharia a vida e a quem meus filhos chamariam de tio.....Eu sei que não vamos nos abandonar totalmente, que sempre haverão terceiros pra nos contar sobre o outro, que haverão encontros na rua ou em casa, mas sei também que tudo se perdeu depois daquele reencontro.

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